Translate

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Não são coisas do futebol

Herasmo Braga

Nos últimos anos tivemos vários motivos para comemorações. Entre os momentos de glória temos a tão sonhada estabilidade economica, os maiores períodos democraticos da nossa história - sem sobressaltos, a constituição com mais tempo de vigência e a possibilidade de sediar os dois maiores eventos esportivos do mundo: a Copa do Mundo de Futebol 2014 e as Olimpíadas em 2016. Reconhecemos que todo esses méritos não incidem por obras do acaso. Sem uma visão um tanto ufanista, vieram já até meio tarde. Assim, motivos de alegria são o que não nos falta, todavia o que nos tem assustado um pouco são as permanencias dos péssimos hábitos que entre os países bem melhor organizados já aboliram há tempo. São estas atitudes que aqui questionamos, pois são frutos de um autoritarismo ultrapassado que só evidência a falta de sereniedade e seriedade nas articulações por demais demodé por parte de setores que se apropriam de coisas alheias com se fossem propriedade sua. É a nossa tradicional mistura histórica do público e do privado destacados nas análises dos historiador José Murilo de Carvalho e do antropólogo Roberto D´mata.
Acompanhar o futebol brasileiro na sua organização interna e na preparação de uma Copa do Mundo nos envergonha. Como aconteceu na história recente do nosso país - na organização de um evento esportivo de menor porte quando comparado com a Copa do Mundo e as Olimpíadas - que muitos esperam mais uma vez o uso indevido do dinheiro público para custear seus bens privados. O presidente da CBF é um exemplo. Este sujeito assumiu o posto de presidente da conferderação do futebol brasileiro há quase três décadas. Em suas ações percebemos que ele não mede esforços para atuar de maneira rasteira quando tem seus interesses contrariados. Exemplos desses tipos de atuações temos diversos. Entre as suas ações inoportunas podemos destacar a organização da comissão responsável pela organização da Copa do Mundo. Membros não só de confiança, mas de estreitas relações familiares estão cirurgicamente distribuídos em cargos estratégicos. Mas como se só esse mal não bastasse, o vitalício presidente da CBF meteu-se na eleição de uma entidade representativa dos clubes de futebol. Ele tentou impor a caditadura de um sujeito que já teve o seu atestado de idoneidade comprovado no futebol brasileiro ao quase levar a falência de um clube de maior torcida do Brasil através de diversos casos de incopetência administrativa somada aos inúmeros escândalos de corrupção passiva e ativa. Diante de tamanha autoritarismo inúmeros clubes se rebelaram e não aceitaram tamanho desmando e quem comandou o levante teve as suas merecidas represálias.
O caso mais conhecido foi a exclusão do estádio do Morumbi como sede de jogos na Copa do Mundo. Juvenal Junventus bateu o pé e não aceitou Kleber Leite como presidente do clube dos 13 e lutou para a reeleição do já também ultrapassado Fábio Koff, que representava naquele momento um mal menor do quer Kleber Leite a frente da instituição. Os mais otimistas ou ingênuos diriam: o Internacional também votou contra Kleber Leite e não teve o estádio Beira Rio excluído. Boa observação essa, mas incompleta. A voz que de fato se levantou contra essa tentativa de manipulação e falência do clube dos 13, promovendo articulações para a não vitória do candidato de Ricardo Teixeira foi o presidente do São Paulo. O Inter apenas cumpriu o seu papel de votar, talvez por isso a sua punição seja menor ou virá apenas no futuro.
Ao São Paulo Futebol Clube cabe agora assistir os demandos e autoritarismo do Ricardo Teixeira e seus comparsas que entre eles o maior ou mais privilegiado pela sua dedicação servil seja André Sanches, presidente do Corinthias. Enquanto todos os estágios tiveram vistorias rigorosas e planejamentos refeitos, o novo estádio do Corinthias, se é que se tornará realidade, já nasceu pronto e aprovado por telepatia para promover a abertura da Copa do Mundo. O detalhe disso fica por conta que ninguém viu ou conhece o projeto. Isso sim, é fazer valer não de credibilidade como afirma André Sanches, mas de oportunismo e mimo de pessoas despreparadas, desprovidas de caráter e que conduzem instituições importantes.
Um outro dado interessante nesta orquestração são os custos e quem vai bancá-los. A construção de um novo estádio custará bem menos do que as reformas em outros existentes como por exemplo: o Maracanã que custará 720 milhões de reais, o Mineirão 666 milhões de reais, o estádio de Brasília 696 milhões de reais. Detalhe todos são reformas, enquanto do Corinthias que é a construção de um novo e moderno estádio terá custo menos da metade deles. Essa comparação é de se estranhar no mínimo.
Sei que muitos ao lerem esse texto podem pensar: trata-se de algum são paulino rancoroso. Realmente quem escreve é um torcedor do tricolar paulista, só não rancoroso. Também um cidadão que, acima de tudo; condena atitudes inadequadas para melhor viver. Condena o seu clube não só por contratações mal sucedidas, mas por uma elitização de torcedores que não condiz com a realidade do nosso país. Condena um clube que falta aos seus dirigentes mais humildade e pés no chão. Condena o seu clube que deveria abrir mais as portas para a sua torcida principalmente aqueles que vem de longe e tentam conhecer o CT da Barra Funda e se deparam com seguranças nada educados que cuprem ordem de não permitirem a entrada de ninguém sob nenhuma condição. Condena o clube que deveria pedir desculpas quando errasse e não atribuisse somente falta de sorte. E que espera dias melhores...
Esperamos também a Copa do Mundo e que ela sirva de motivação para a democratização e organização do futebol brasileiro. Sirva para banir pessoas que pensam de maneira diferente do que o povo brasileiro almeja. Torcemos para o sucesso brasileiro dentro e fora de campo sem a farra de dinheiro público. Aguardamos que esse evento traga beneficios ao nosso país e que nos eleve ainda mais a nossa alta estima.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Um eleitor cansado

Findada mais uma eleição, lanço-me agora sobre os seus resultados. Reconheço estar neste momento dotado de sentimentos frustativos e até mesmo pueris. Mas estou decidido a afastar-me desta festa democrática! Não que eu tenha algo contra a democracia e os seus poderes representativos, mas decepciona-me ver como as coisas se encaminham nesse mundo da fantasia individualista.
Nestas eleições, observei situações um tanto atípicas enquanto outras mais do que repetidas. Fiquei orgulhoso - em um primeiro momento - com o fato de finalmente termos uma outra alternativa presidencial pautada dentro de uma realidade desejada e possível. Alternativa essa configurada em um sujeito competente e de sensibilidade social e ambiental. Soma-se a isso os traços biográficos fantásticos, tão marcantes como os que me levaram a adotar Lula como meu candidato desde da minha primeira votação em 1998. Sujeito esse de biografia singela e encantadora.
Por outro lado acompanhei a ausência de propostas e repetições de discursos de outrora e de outros de conteúdo futebolistico. Candidatos sem propostas ou compromissos significativos apareciam com uma única frase: nós somos do time de Lula. Esse mantra eleitoral marcava de maneira expositiva os vazios de conhecimentos político-social dos novos e velhos representantes. Com certeza esses aspectos devem ter feito até o individuo mais alheio a esse processo eleitoral ter se irritado com tanta repetição e tédio eleitoral.
Se por um lado comemorei uma significativa renovação necessária devido a inércia dos que antes se faziam presente na vida política brasileira, por outro enojou-me a eleição de esposas, filhos, irmãos e irmãs de velhas raposas, pois já sabemos que pouco ou nada propocionarão um progresso de desenvolvimento social mais justo e equilibrado. Os tais contemplados eleitoralmente serão apenas figurantes, pois o homem do lado de cá é quem dará as cartas. Como se tudo isso não bastasse, tivemos a ousadia e discirnemento de eleger um palhaço de vocação e não mais só de profissão. Mais um a incorporar o circo do Congresso Nacional Brasileiro. Não será nenhuma novidade sabermos que o palhaço estreante fará seus interessantes shows a um menor valor quando comparado aos mais antigos.
Realmente estou muito decepcionado com o não reconhecimento do trabalho realizado por pessoas de bem e que foram candidatos. Cito-os nominalmente por serem sujeitos ideias para uma República ideal: Antonio Neto e Nazareno Fonteles. Estes sim, seriam muito mais merecedores do que qualquer palhaço de circo, esposa, filho, irmão, irmã, raposa velha; para fazer frente a um Congresso participativo e gerenciador das conquistas sociais e qualitarias necessárias para o desenvolvimento da nossa nação.
Por estas e outras razões pretendo, portanto, amigos sair de cena não para sair da vida e entrar para a história, mas para não participar deste mundo imundo da política