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domingo, 10 de maio de 2009

Produção literária: conto



Na estrada

Chega à alegria da família. Aquele materializava as privações e o muito trabalho. Mais uma conquista. Hora de conferir a bagagem.
_ Cuidado para que não esqueçam de nada. ... a imagem logo pôr do sol visto sob o horizonte embriaga as mentes de todos...
No decorrer da viagem João vai apresentando as funções para Maria.
- Esse botão indicará qualquer alteração no desempenho do motor. Aquele assegura que as portas estão fechadas.
- Como esse carro corre, né João!
- Você ainda não viu nada mulher, estou apenas triscando no acelerador.
Tudo tranqüilo. Uma luz acende e indica algo estranho no novo. João encosta. Abre o capú. Verifica mesmo sem conhecimento algum de mecânica, muito menos da parte elétrica.
- Deve ser algum mau contato.
Retoma o caminho e a velocidade na estrada. Mais adiante mais uma sinalização no painel. Novamente, João encosta o carro e questiona:
- Mas como? Se é novo!
- Calma, João, deixa ele um pouco parado, você correu demais.
- Tudo bem, vamos esperar um pouco, falta ainda muita estrada, mas o dia estar longe de acabar.
...
...
Finda-se a inquietação. Motor ligado, retomada a viagem. Alguns quilômetros depois a luz pisca. João ignora, acredita mesmo ser mau contato. Acelera. Acelera. Acelera. Metros depois o carro pára. Nada mais funciona. João se maldiz
- Calma homem, esse seu desespero não vai resolver nada.
- ...
-Precisamos de ajuda.
- Mas como no meio desta estrada?
- Iremos esperar alguém passar e parar.
Carros de todos os tipos, tamanhos e cores passaram, mas nenhum confiou que havia alguém precisando de ajuda. Até que na insistência contínua de João um caminhoneiro parou.
- Amigão, estou com problemas com carro e gostaria de uma carona.
- Sei que na próxima cidade tem um mecânico que pode lhe ajudar.
Como não cabiam todos na cabine, tiveram que optar.
- Mulher é perigoso, você não pode ficar aqui. Vá com ele e traga o mecânico.
- Não João, eu não ando com estranhos.
- Vai mulher é o único jeito.
- Não...
Mulher...
_ ...
- Vai peste, agora estou mandando!
- E se acontecer algo comigo?
- Não vai acontecer nada, essa coisa de caminhoneiro ajudar na estrada é rotina deles.
- Não!
- Você vai por bem ou por mal.
Depois de sucessivas trocas de ofensas, Maria, obrigada, entra no caminhão.
- Volte o mais rápido possível, já esta ficando muito tarde.
Em cólera Maria não dá confiança a essas últimas palavras de João.
Partiu o caminhão. João nunca mais viria a sua Maria. Naquela noite tiveram de dormir ele e as crianças ao relento, perdido naquela escuridão e alheio aos carros que passavam na longa estrada e que continuavam a desdenhar de qualquer ajuda.
A fome e a sede eram suportáveis, mas o menor continuava perguntando sempre pela mãe.

3 comentários:

Unknown disse...

Bom Conto Herasmo.

Unknown disse...

Ei prof. o q aconteceu com a Maria???

Iago Boson disse...

Bacana o conto..muito bonitinha essa coisa de deixar agente meio incomodado no final xD